Um dos programas que mais gosto de fazer é ficar em casa, mas um ficar com qualidade. Isso envolve estar só e de bem com a vida ou até mesmo acompanhada de uma pessoa que esteja disposta a compartilhar daquele bom momento.
Esse final de semana que passou eu senti essa sensação de bem-estar, que há tempos não sentia.
E escrevendo agora o texto me veio a cabeça uma música de Lulu Santos. Ele começa contando sobre estar num estado emocional ruim e, por estar se sentindo mal, ficava rodando pelos bares, procurando não achar. A fuga de dentro de si, para fora do lar, é um caminho que se apresenta por vezes muito fácil, de escapar daquilo que nos chama, que é preciso se atentar.
A continuação da música narra o encontro com uma outra pessoa, que demonstrou certo prazer em estar na companhia do narrador.
Essa música sempre me pegou nessa parte. Achar alguém que demonstre a você a alegria que sente ao estar ali, presente, compartilhando aquele momento.
Ela demonstrou tanto prazer
De estar em minha companhia
Eu experimentei uma sensação
Que até então não conhecia
De se querer bem
De se querer quem se tem
Se enxergar no olhar do outro, se reconhecer na luz cintilante de olhos que te encaram e não são espelho, por vezes faz com que nos vejamos de uma forma diferente e positiva.
Longe de estar defendendo a necessidade da validação do outro para que tenhamos amor-próprio, mas é algo que se soma a essa aquisição sim. Somos seres sociais e é normal buscarmos no outro um apoio, que serve de fortalecimento para o que sentimos sobre nós mesmos.
Por muito tempo tratei como algo a se repelir, combater, e que me amar sozinha era o ideal, mas venho desenvolvendo a percepção de quão gostoso pode ser se enxergar no olhar de admiração e amor do outro. O amor próprio se fortalece com o amor do outro, juntos formam algo maior, sem deixar de ser o que se é, cada um independente, mas confluentes entre si.
A harmonia do amor.
.escrevo, assim, minhas palavras.
Meus livros e discos e outras coisas a mais
Quarta, Quinta e Sexta fiquei de home office. Como disse lá em cima, eu amo estar em casa e isso inclui fazer dela meu local de trabalho. Gosto do silêncio, da companhia de meus gatos, de poder trabalhar com roupas leves, de levantar e fazer o almoço, preparar um lanche e, nos momentos de ócio, poder dar uma esticada nas pernas deitando no sofá um pouquinho.
Tempo: o home office me oportuniza tempo.
A jornada de trabalho no conforto do meu lar essa semana foi conveniente para que eu pudesse mergulhar na leitura de A terra dá, a terra quer, de Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo, dar a atenção que o texto merece e requer.
Cada coisa dita naquele livro faz muito sentido para mim. Mas o que me pegou de jeito foi a ideia que o autor traz de desapartar modos de viver, como os dos quilombolas e povos originários da América, do modelo que se construiu de humanidade a partir de uma visão eurocristã.
Traduzindo, Nêgo Bispo nos diz o seguinte: “me tire do bolo que eu não sou fermento.” Os povos quilombolas e outras comunidades diversais, como denomina o autor, seguem um modo de viver e de se relacionar com o mundo totalmente diverso daquele conduzido pela sociedade ocidental. Assim, quando falamos de humanidade, falamos de uma certa forma de se organizar enquanto seres humanos, que degrada, extermina e coloniza tudo que é diferente.
Eu não sou humano, sou quilombola.
(Nêgo Bispo)
Recentemente, tive uma conversa com um amigo nesse mesmo sentido. Ele estava colocando todo mundo, todos os seres humanos, num mesmo barco, como protagonistas das atrocidades e a causa da situação alarmante que o mundo se encontra. Discordei dele, pois acho importante dar nome aos bois. Generalizar é tirar das costas dos verdadeiros culpados o peso de suas ações. Tem pessoas que não podem ser colocadas no mesmo bolo, os diversais.
Hoje, segunda-feira, voltei ao presencial. Antes de sair de casa, escolhi Fúria, da mexicana Clyo Mendonza.
Li poucas páginas e já estou completamente azuada das ideias. Realmente, a fama de “o Pedro Páramo do século XXI” faz todo sentido. O livro foi lançado pela Editora Peabiru, que tem títulos maravilhosos em seu catálogo. Vale a pena dar uma conferida. Deixo, ainda, como dica, entrar em contato via direct no instagram e pedir indicação de leitura. Eles fazem algumas perguntas sobre preferências de gênero literário e autores e depois apresentam os livros da Editora que melhor atendam ao nosso gosto.
Acho que é isso.
Temos uma publicação?
Que texto maravilhoso, Lud!!
Realmente... O amor próprio é essencial! Mas deixar que o outro também possa te amar é uma sensação mágica e indescritível! Faz você se sentir a melhor pessoa do mundo! Esse poder é muito leve e louco ao mesmo tempo...
Beijos 🥰😘
Lindeza de texto! Esses dias vivi algo parecido de partilhar bons momentos genuínos com uma grande amiga que veio visitar, e que privilégio é essa companhia preciosa de alguém que a gente gosta ❤️